Educação Estética Visual


por Elisabete Oliveira


Projectos de Educação Estétiica Visual, por Adolescentes - Investigação de Elisabete Oliveira: 1. Orientação Diogo Félix, E. Sec. Seomara da Costa Primo, Amadora, 1997, anterior ao NY- 11 Set.º. Da 2ª década do Séc. XXI: 2. Diferença - O Arroiano - pelos alunos da E. Artística António Arroio, Lisboa. 3. Integração. E. Sec. Seomara da Costa Primo, Amadora. 4. Direito ao voto das Afegãs. E, Sec. Alves Martins, Viseu. 5. E. Sec. Valbom, Orientação: Cristina Pinto: Desenho de Ucraniana há anos em Portugal. 
Fotos dos Orientadores, excepto 5, por Elisabete Oliveira.

ver também: Educação Musical, Gesto perdido, Marioneta

           
           Em Portugal, na abordagem escolar básica - só curricular desde a pré-adolescência -, a estética dominante até 1948, pós-2ª Guerra Mundial, foi a de cópia naturalista/desenho à vista e rigor geométrico, por metodologia transmissiva. Nesse ano, Alfredo Betâmio de Almeida conseguiu o Desenho Livre no currículo - ano das Escolinhas de Arte no Brasil por Augusto Rodrigues; e transitou-se ao período da Educação através da Arte, fundamentado por Herbert Read: a EEV estrutura a educação de todos, enquanto a Educação Artística formará artistas como factor de paz e esperança a desenvolver ao longo da vida (1).  

Segundo a minha investigação em 1972, numa acentuação formal, ainda dominam os exercícios escolares de perícia técnica, influenciados pelo Basic Course of Art inglês e pela Arte/Design da Bauhaus alemã, sem atenção aos interesses dos alunos. O currículo de EEV internacionalmente e em Portugal, passa a integrar os domínios produtivo, crítico e cultural, com objectivos expressivos (Eisner. E., EUA), afirmando-se a cultura visual, pela apreciação de Arte (2).  
 
Segue-se, em Portugal, uma expansão cultural-comunicativa pós-revolução pacífica de 25 Abril 1974:  à área-EEV de desenvolvimento humano, junta-se a do envolvimento, com trabalho de projecto.  A liberdade de expressão, após 4 décadas ditatoriais, impulsiona a arte dominantemente popular: cartoon, banda desenhada, graffiti, cartaz, fanzine, videograma, cinema, espectáculo de rua, poesia e canção; e o MFA-Movimento das Forças Armadas, alfabetiza o país, “à Paulo Freire”.  Até 1990 transita-se a um período integrado-envolvimentalista, ultrapassando os exercícios avulsos, passando-se do trabalho de projecto para o projecto de trabalho, a partir dos interesses dos alunos-em-comunidade, em equipa - com ressonâncias do aprender fazendo (Dewey; Freinet);  do projecto de vida  da pedagogia Waldorf (R. Steiner); da  arte - happenings, performances e instalações (A. Kaprow); da cultura que tem de nascer da arte (J. Beuys); ou da arte ecológica (Alberto Carneiro, Manifesto 1968-1972).  

O Design integra o currículo do 9º ano, novo final da escolaridade obrigatória, abrindo perspectivas profissionais. A associatividade dos Professores (APEA e APECV), amplia-lhes a intercomunicação e formação.  A integração da emergência tecnológica originará os períodos funcional-tecnológico, com ênfase na capacitação para ver, criar/comunicar, e intervir, com mediatização tecnológica; e, no século XXI, o interaccional eco-tecnológico, com   designações em aberto, pela vertiginosa acentuação do virtual e da inteligência artificial -recursos vastos para a escola, mas também com questionamento de implicações-garantes de humanização.  
 
À triangularidade na EEV apontada por Eisner, juntaremos a proposta de há décadas, por Barbosa, A. M. (2023): ver, ler (contextualizar) e fazer; e a nossa acepção (Oliveira, E. 1981; 2010), influenciada pela Teoria Científica da Cultura, de Malinovski, B. (1944), com 3 Dimensões (D) - 3 Funções (F): D material - F tecnológica / D social - F comunicativa / D ontológica - F de organização/projecto de vida.   




 
Neste construto visual analítico-hipotético de uma estrutura de âmbitos do processo de aprendizagem em EEV (Oliveira. E. 1981; 2010) -, contextualizamos este em interacção com tudo, consonante com a teoria da complexidade (E. Morin) ou holística: o âmbito mais vasto é o do envolvimento material, onde se inscrevem o desenvolvimento humano (instrumental e comunicacional), com a linguagem/cultura especificada em arte, ciência, técnica, filosofia e educação; no centro está o processo de aprendizagem, na interacção professor-alunos, assinalando-se-lhe a VAE (em Inglês) - dinâmica viabilizada pela energia de transformação que permite fazer acontecer o possível, tendendo ao imaginável.  À direita: 11 âmbitos de expressão visual/intervenção sócio-cultural pela EEV, das Tecnologias à Interacção local-global (3).              

Acrescentaremos: a conquista da liberdade para a auto-eco-compatibilização com a emergência envolvente; e 8 pilares, para a qualidade da  EEV: Autonomia, expressiva e de apreciação crítica / Projecto de trabalho pelo(s) alunos(s) / Património cultural visual consciencializado / Auto-eco-compatibilização contínua  / Actualização tecnológica / Avaliação auto e hétero, sempre formativa, contínua e sumativa / Partilha de experiência, com disseminação local-global  / Flexibilização e Autonomia curricular.    

Este evolver da EEV é designável de pós-colonial, porque a expressão visual é libertada do naturalismo académico/formas redutoras ditatoriais - resposta à emergência envolvente, com os outros – conceito, que designamos de auto-eco-compatibilização. Os modelos perdem pertinência, dando lugar aos referenciais, em actualização face ao desconhecido; e exigindo-se o ajustamento da valoração e a maximização da partilha das experiências, autonomia propositiva e processo criativo autoral, valorização das raízes culturais, em vez de Estudo de Culturas Ancestrais. A influência na EEV em Portugal, foi sócio-político-ideológica-metodológica, não por dominação de povos.  

Notas:
1. Criaram-se a INSEA, International Society for Education through Art -UNESCO (1951), com Associações nacionais; e a Declaração Universal dos Direitos da Criança (ONU, 1959).
2. Arquimedes S. Santos funda, em Lisboa, a Escola Superior de Educação pela Arte.
3.  Neste contexto, terão evolvido - em interacção/crescimento na escola -, Projectos em EEV recolhidos em Portugal, do Exploratório-piloto que instalamos no CIEBA-FBAUL - Amostra na Imagem inicial.

bibliografia
Oliveira, E. (1981). The Structure of a Basic Aesthetic Education (Mainly applied to Secondary School). In: INSEA Research Pre-Conference Report. Rotterdam: Curriculum Development National Institute.    
Oliveira, E. (2010). Educação Estética Visual Eco-necessária na Adolescência. Sete Décadas de Design Curricular em Portugal & CD. Valoração do Processo Criativo pelo Professor. Minerva Coimbra. 



perMARÉ perMARÉ perMARÉ perMARÉ perMARÉ perMARÉ

Este trabalho é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação Para a Ciência e a tecnologia I.P., no âmbito do projeto «CEECIND.2021.02636».